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Passarelas e faixas reduzem riscos de atropelamentos

Passarelas e faixas reduzem riscos de atropelamentos

 

Quando o assunto é trânsito pode até ser que o primeiro personagem que venha à cabeça seja o motorista. Porém, é essencial enxergar o cenário como um todo e reforçar o caráter indissociável que une pedestres, ciclistas e condutores de veículos motorizados em um mesmo panorama de convivência e responsabilidade. Ainda mais quando o contexto são as mortes decorrentes de acidentes de trânsito no Brasil, sejam elas em estradas ou vias urbanas, pois aí, muitas vezes os pedestres destacam-se como as principais vítimas.

Estudo da Confederação Nacional de Municípios (CNM) aponta que, entre 2000 e 2010, se repetiu a média anual de 30% das mortes por atropelamentos; número que chega a 50% dos casos em capitais como Belém e Rio de Janeiro. Em consonância com esta premissa, o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o Brasil, mais uma vez, entre os países com trânsito mais violento do mundo, na 56ª posição em um ranking de 180 países. O mesmo estudo indica que, entre as cerca de 1,25 milhões de pessoas que perdem a vida anualmente no trânsito, 23% são motociclistas, 22% pedestres e 4% ciclistas. Logo, quase metade das mortes envolvem aqueles com menos proteção.

Para a especialista em trânsito da Perkons, Idaura Lobo Dias, as soluções, neste sentido, ganham mais consistência a partir da compreensão de que o pedestre é, de fato, o elemento mais frágil do processo de mobilidade. “No entanto, mesmo vulneráveis, eles não estão isentos de responsabilidade nas relações tecidas no trânsito e, em virtude disso, devem adotar um comportamento atento e prudente em todos os momentos”, pondera.

Mesmo se transferida à realidade dos países desenvolvidos – onde é menor o índice de mortes de pedestres -, tal fragilidade se mantém. Para proporcionar segurança a estes atores, algumas iniciativas já têm sido praticadas, como é o caso das faixas de travessia diagonal em cruzamentos, originadas e amplamente adotadas em Tóquio, no Japão. A missão de tornar mais rápida e segura a tarefa de atravessar ruas foi recentemente lançada em São Paulo. Os resultados, porém, dependem não apenas da postura do pedestre, como também das condições técnicas do local onde forem instaladas as faixas, como discorre artigo do Observatório Nacional de Segurança Viária. Em virtude disso, o reflexo positivo nas vias paulistanas ainda é distante do caso japonês.

O exemplo de São Paulo é pontual e reforça a importância de integrar ações de educação, engenharia e infraestrutura na busca de um trânsito seguro. “Estimular a redução da velocidade nas vias, além de cobrar respeito na passagem dos pedestres, mobilizando a população para o tema, são alternativas viáveis para reverter este cenário”, sugere o professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em comportamento do trânsito, Hartmut Gunther. Para ele, o pedestre também deve tomar o problema para si e incorporar novos hábitos, como evitar o uso do celular para ler e enviar mensagens enquanto atravessa vias, costume perigoso, porém corriqueiro.

Segurança nas estradas requer população consciente e infraestrutura funcional

Embora sejam menos frequentes, os acidentes com pedestres nas estradas são caracterizados por um teor de urgência no socorro, já que as possibilidades de sobrevivência são menores quando comparadas às vias urbanas. Neste contexto, relatório da OMS indica que um pedestre adulto tem mais de 80% de chance de sobreviver se atingido por um automóvel a menos de 50 Km/h, ao passo que aos 80Km/h a sobrevida é de 40%.

Segundo o gerente de Operações da Autopista Litoral Sul Arteris – que administra trechos dos estados do Paraná e de Santa Catarina -, Ademir Custódio, as concessionárias têm papel primordial na transformação da realidade das estradas, que pode acontecer ou pela infraestrutura ou pela conscientização e, se possível, pela combinação das duas. “Entre 2009 e 2014 construímos 33 passarelas responsáveis pela redução de 40% no número de mortes por atropelamentos nos trajetos em questão”, salienta.

Para concretizar projetos como esse, é necessário considerar, sobretudo, a frequência com que a estrutura vai ser acessada. “A possibilidade de uso da passarela é sempre muito alta, mesmo que as pessoas tenham que andar mais. É neste ponto que ressaltamos que caminhar mil metros vale mais do que colocar a vida em risco”, sinaliza o gerente.

Para assistir também os locais que não contam com passarela, a concessionária conduz campanhas de conscientização com dicas de segurança para ciclistas e pedestres, além de implantar ilhas de redução velocidade e faixa de pedestres de duas fases. “É importante dar preferência à travessia pela passarela e ter certeza de enxergar e ser enxergado pelo veículo. Por isso, é preferível andar no sentido oposto aos carros e, se possível, com roupas claras”, enumera Custódio.

Os atropelamentos envolvem, geralmente, moradores que acompanharam o crescimento da rodovia e deixam de notar os perigos que ela impõe, e andarilhos. Em qualquer situação, Custódio enfatiza a importância de atentar-se aos riscos e aos hábitos que cada um pode tomar para se proteger. “Só temos efeito positivo com a mudança de comportamento”, conclui.

Com informações da Assessoria de Imprensa

Fonte: Portal do Trânsito

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